Se buscarmos explicações na
natureza, sempre acharemos uma resposta! Esta é uma teoria que sempre costumo
colocar em prática.
Atualmente o que mais se vê,
são pássaros migrando para as grandes cidades em virtude dos desmatamentos. Isto
sem contar outras diversas espécies animais, que também sofrem com a ambição
desmedida vinda do bicho homem.
Um dia, ao fechar as janelas
do quarto, reparei que ao invés de uma, haviam três casinhas de João de Barro construídas sobre o mesmo poste que fica em frente à minha
casa.
Refleti: os pobres
pássaros estão vivendo semelhante à humanidade! Necessitam afastar-se
rapidamente de seu habitat tranquilo e desbravar as grandes cidades. Constroem
suas casas em locais perigosos, convidam os parentes e fazem um “puxadinho” para
desfrutar a chance de conviverem mais unidos.
Esta ave, além da tristeza
de ter que se afastar de seu ambiente natural, irá precisar passar a maior
parte do ano dedicada às construções de novas casinhas, muitas vezes, em mais
de uma ao mesmo tempo (o que pode ser traduzido pelo grande índice de perdas de
ninhos por tempestades, invasões de outros animais, intervenção humana, e pela
disponibilidade de barro fresco, que depende do regime de chuvas).
Ainda bem que casais de João
de Barro têm uma parceria incrível! Além de cantarem enquanto trabalham, ambos se
revezam na construção de seu ninho, que chega a pesar de 5 a 12 kg. Depois da
casa construída, é hora de mobiliá-la com uma boa cama confeccionada por pelos,
cerdas, fibras vegetais e penas.
Eles conseguem viver com o
necessário, e com o pouco que têm, com todas as adversidades, conseguem ainda gerar
seus filhotes e propagar, a qualquer custo, sua espécie.
Esses pássaros servem de
inspiração para refletirmos sobre a forma em que vivemos a nossa vida.
Na correria do dia a dia, diversas
pessoas não percebem o cantar de um João de Barro, mas os mesmos, com sua frágil
audição, involuntariamente são obrigados a ouvir discussões diárias entre
marido e mulher, brigas constantes de irmãos, fogos de artifícios, buzinas, motores
estourados de motocicletas, carros com o som no último volume ao som de suas “funkerias:
lelek, lek, lek, lek!”
O canto dos pássaros alegra
a alma! Seu palco, muitas vezes é montado em postes, e o desenrolar de seu show
é realizado sobre fios de alta tensão, e onde está sua plateia? Quem
assistirá a este espetáculo tão arriscado? Talvez algum poeta?
Ou
só os tachados “sensíveis” (que prefiro qualificá-los como mais evoluídos)
terão a capacidade de notá-los?
E você?
É
capaz de sentir a felicidade por dentro? É capaz de cantar na hora
das adversidades? É capaz de “ser” feliz ou só
quando conquista algo é que “tem” e curte uma felicidade momentânea?
Não deixe que a velocidade do
seu dia a dia apague os seus mais profundos valores. Uma alma evoluída ultrapassa
qualquer tempo. E se não achar as respostas, observe a natureza que elas virão
automaticamente.
“É triste pensar que a natureza fala e que o gênero
humano não a ouve.”