segunda-feira, 11 de março de 2013

SOBRE PÁSSAROS E GENTE...


Desculpe interromper o seu dia corrido com tais perguntas, mas: no que você tem prestado atenção? Como anda sua percepção fora do trabalho?

Se buscarmos explicações na natureza, sempre acharemos uma resposta! Esta é uma teoria que sempre costumo colocar em prática.

Atualmente o que mais se vê, são pássaros migrando para as grandes cidades em virtude dos desmatamentos. Isto sem contar outras diversas espécies animais, que também sofrem com a ambição desmedida vinda do bicho homem.

Um dia, ao fechar as janelas do quarto, reparei que, ao invés de uma casinha de João de Barro, haviam três casinhas construídas sobre o mesmo poste que fica em frente à minha casa.

Refleti: os pobres pássaros estão vivendo semelhante à humanidade! Necessitam afastar-se rapidamente de seu habitat tranquilo e desbravar as grandes cidades. Constroem suas casas em locais perigosos, convidam os parentes e fazem um “puxadinho” para desfrutar a chance de conviverem mais unidos.

Esta ave, além da tristeza de ter que se afastar de seu ambiente natural, irá precisar passar a maior parte do ano dedicada às construções de novas casinhas, muitas vezes, em mais de uma ao mesmo tempo (o que pode ser traduzido pelo grande índice de perdas de ninhos por tempestades, invasões de outros animais, intervenção humana, e pela disponibilidade de barro fresco, que depende do regime de chuvas).

Ainda bem que casais de João de Barro têm uma parceria incrível! Além de cantarem enquanto trabalham, ambos se revezam na construção de seu ninho, que chega a pesar de 5 a 12 kg!

Depois da casa construída, é hora de mobiliá-la com uma boa cama confeccionada por pêlos, cerdas, fibras vegetais e penas.

Eles conseguem viver com o necessário, e com o pouco que têm, com todas as adversidades, conseguem ainda gerar seus filhotes e propagar a qualquer custo, sua espécie.

Esses pássaros servem de inspiração para refletirmos sobre a forma em que vivemos a nossa vida.

Na correria do dia a dia, diversas pessoas não percebem o cantar de um João de Barro, mas os mesmos, com sua frágil audição, involuntariamente são obrigados a ouvir discussões diárias entre marido e mulher, brigas constantes de irmãos, fogos de artifícios, buzinas, motores estourados de motocicletas, carros com o som no último volume ao som de suas “funkerias: lelek, lek, lek, lek.”

O canto dos pássaros alegra a alma! Seu palco, muitas vezes é montado em postes, e o desenrolar de seu show é realizado sobre fios de alta tensão, e onde está sua plateia? Quem assistirá a este espetáculo tão arriscado? Talvez algum poeta? Ou só os tachados “sensíveis” (que prefiro qualificá-los como mais evoluídos) terão a capacidade de notá-los?

E você? É capaz de sentir a felicidade por dentro? É capaz de cantar na hora das adversidades? É capaz de “ser” feliz ou só quando conquista algo é que pode “ter” uma felicidade momentânea?

Não deixe que a velocidade do seu dia a dia apague os seus mais profundos valores. Uma alma evoluída ultrapassa qualquer tempo.

Quando não encontrar respostas, observe o céu, a chuva, o mar, o ruído dos ventos, os animais, os insetos, as aves, as flores, os pássaros, enfim... Há uma infinidade de coisas disponíveis na natureza que só vem nos ensinar o quão é preciso saber viver e não apenas “sobreviver”.

“É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.”
(Victor Hugo)