domingo, 10 de junho de 2018

Poderia emprestar-me um isqueiro?



Somente esta semana, dois nova iorquinos (Anthony Bourdain - chef e apresentador de tv e Kate Spade - estilista famosa), suicidaram-se da mesma forma: enforcando-se na solidão de um quarto. Ambos deixaram filhas adolescentes e uma carreira de sucesso brilhante. É explícito que o ser humano vive duas vidas distintas: uma interna e outra externa/pro forma, por pura formalidade, sem sinceridade, apenas para manter as aparências.

Num mundo globalizado, o qual tudo acontece ao mesmo tempo, todos acompanham às mudanças, quase sempre reprimindo seus desejos e qualidades reais. Dependendo do local, apresentam suas identidades  para sobreviverem à tantas alterações, ainda mais num mundo, o qual o TER é maior que o SER! 

Observe quantas pessoas estão “realmente” interessadas em saber como foi o  dia do outro e como ele está! A grande maioria quer saber o que o outro fez de produtivo e o quanto ele contribuiu. Não captam a escuridão, mesmo porque, a escuridão desta pessoa pode ser ainda mais negra do que a do outro! 

Isto tudo precisa ficar submerso dentro de cada ser que não consegue uma brecha para expressar o quão lúgubre estão seus caminhos. Não se pode demonstrar fraqueza! Ninguém quer carregar um looser! Desta forma, só resta amargar com suas dores.

Uns extravasam com drogas, álcool, comida em excesso (ou a falta dela), mutilações... e parece que quando falta coragem de dar cabo a própria vida, vem uma doença fatal (estimulada por tantos males) e tira a “culpa” de ser o responsável por sua própria partida.

Enfim... Sábio professor Cortella quando observa que estamos fazemos mais necropsia do que biópsia! A biopsia seria pegar aquilo que vivo está, examinar o que contém de problemas, para mantê-lo vivo. Já a necropsia serve apenas para identificar a causa mortis. E quando aparece o suicídio, há uma dor coletiva em se pensar que uma minuciosa biópsia poderia ter sido feita e não o foi...

Que sejamos todos a luz que clareia a escuridão alheia...